A troca de favores é algo inseparável da política, ao contrário do que pensam os ainda iludidos com a ideia de santa aura da Democracia. E com Lula mais uma vez como presidente do Brasil, junto ao seu partido, PT, não será nada diferente. Até por que eles mesmos incorporaram esse modus operandi como ninguém.
Segundo reportagem do UOL, após 3 semanas de negociação (troca-troca, para ser mais exato) entre os representantes do atual governo e o Congresso, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição será protocolada.
Em troca da aprovação da PEC, a equipe do presidente eleito Lula (PT) aceitou que parlamentares destinem por meio de emendas parte dos recursos que vão ficar livres no Orçamento de 2023 (já dá pra imaginar a quantidade de desvio de verba que vai rolar aí).
O novo governo também concordou em retirar o Auxílio Brasil do teto de gastos por quatro anos, e não mais de forma permanente, como havia planejado. No entanto, ainda enfrenta pressão para reduzir mais esse período para pelo menos 2 anos. Além disso, também pedem que os valores do orçamento sejam reduzidos.
Ou seja: o Congresso, cujos membros querem sua quota, sabem que o populismo de Lula pode comprometer grande parte do orçamento. Se Lula quiser manter as migalhas com a qual compra seu eleitorado, terá que andar na linha delineada pelo Centrão.
Outra das mudanças negociadas pelo futuro governo é acertar com parlamentares, incluindo integrantes do Centrão (eles não podem ficar de fora), o destino dos novos recursos que entrarão no Orçamento do próximo ano (pode ter certeza que a maior parte vai pro bolso deles).
Com a retirada do Auxílio Brasil do teto, os R$ 105 bilhões reservados para o programa atualmente ficariam livres para outros gastos em 2023, como obras, manutenção de órgãos públicos e recomposição de recursos para saúde e educação (superfaturamento a vista).
Em entrevista, Lula diz que está confiante de que a PEC irá passar e que “essência do problema e do debate será o destino dos R$ 105 bilhões”. Ele também fiz que ” “Os parlamentares vão apresentar emendas querendo pegar esse espaço e colocar na lei orçamentária”.
Resumindo tudo: para o PT conseguir colocar sua velha política populista adiante, terá que mais uma vez molhar as mãos daqueles que decidem quem governa ou não.