O primeiro ponto de reflexão é o fato do estado ser governado por políticos que estão preocupados única e exclusivamente com o curto prazo. Por isso que não devemos esperar que políticos, qualquer que seja o seu de estimação, seja capaz de resolver problemas de grande impacto e complexidade, como a questão do COVID-19.
Utilizando o pensamento de Hayek:
“Para alcançar seus objetivos, os coletivistas precisam criar poder –poder sobre homens exercido por outros homens — de uma magnitude nunca vista, e seu êxito dependerá do grau em que alcançam esse poder. O poder, e o sistema competitivo é o único sistema designado para minimizar pela descentralização o poder exercido pelo homem sobre o homem.”
E assim os políticos em nome do povo, do bem público e de salvar milhões de vidas usam da ideia de coletividade para concentrar cada vez mais poderes.
Outro ponto importe é entender que todo e qualquer governo sempre se beneficia com o surgimento de “crises exógenas” que criam situações fora do normal, pois é o momento propício e perfeito para que os burocratas possam exigir que obedeçamos a todo e qualquer decreto emergencial que eles porventura editem. Em qualquer governo, sempre há vários parasitas entranhados na mais alta burocracia implorando para que algum tipo de lei contra a liberdade individual seja declarada.
Um bom exemplo desta sede dos políticos e seu time de burocratas é o governador paulista João Dória (PSDB), que sempre foi um dos mais radicais entusiastas do confinamento total e que decretou o fechamento total do setor de serviços do estado e disse que as fábricas não podem parar. A fala pode até parecer correta, mas é incoerente, uma vez que não faz sentido nenhum liberar as fábricas, mas proibir o comércio “não-essencial” de funcionar. Na prática, ele liberou a ponta inicial da cadeia produtora, mas fechou a ponta final.
Vale ressaltar que os defensores do confinamento imposto pelo aparato de coerção estatal (lockdown) estão ignorando todas as milhares de vítimas que estão sofrendo pois não são CNPJs que produzem e sim os CPFs. Não falo de números apenas, como querem fazer parecer os que chamam de insensíveis aqueles que se preocupam com as questões que, em tese, pertencem exclusivamente ao campo da economia. Falo de pessoas. A imprensa é um dos cavaleiros do apocalipse ao gerar a histeria e pânico, afinal, dão audiência (vejam que os telejornais estão batendo dia após dia seus recordes de audiência).
Mas esta visão de curto prazo da imprensa e das pessoas que apoiam a interrupção forçada das atividades produtivas está esquecendo de apontar que toda essa restrição imposta pelos governadores e prefeitos é simplesmente inconstitucional. Estão deixando de lado, também, que em situações de extrema miséria como a que surge no longo prazo em conjunto com aumentos no número de suicídios, pessoas com depressão, criminalidade, mortes por doenças comuns, tendem a aumentar junto com a crise econômica que na verdade é uma crise social.
Tal situação insólita e com o aval do Supremo Tribunal Federal fez que na prática, o Brasil fosse subdividido em várias pequenas ditaduras estaduais e municipais, com cada uma delas fechada para as outras cidades e para os outros estados, enfraquecendo os mercados. A propriedade privada ainda não foi confiscada, mesmo que alguns políticos queiram em nome do bem público tomar industrias, hospitais, instituições… Representando assim a própria manifestação do fascismo: tudo e todos sob controle total do estado.
Quando vemos intelectuais e políticos propondo uma Escolha de Sofia entre economia e a vida das pessoas, os mesmos esquecem que a economia é o alicerce da estrutura social. Se derrubarmos o alicerce para proteger a casa, toda estrutura desaba.