O governo da Índia nos últimos meses vem derrubando bairros pobres inteiros na cidade de Nova Délhi. As escavadeiras chegam pouco antes do amanhecer, demolindo as fileiras de barracos à vista de seus moradores inconsoláveis.

As habitações são construídas ao longo dos anos e os bairros surgem como uma colcha de retalhos. A maioria trabalha nas proximidades e vive na região há décadas em suas pequenas casas. Aos moradores, agora sem-teto e com seus pertences destruídos pelas máquinas, resta procurar uma forma de recomeço. Ajuda é prometida, mas as reclamações de abandono se multiplicam. Os que podem, seguem para a casa de parentes. Outros são forçados a dormir em barracas improvisadas. O governo justifica a série de demolições dizendo que as estruturas foram construídas de forma ilegal e afirma que pretende realojar algumas das comunidades afetadas.

Após as mais recentes demolições, os guardas de segurança patrulham a área enquanto os trabalhadores constroem um muro para fechar os terrenos, impedindo novas ocupações. Mera coincidência é a reunião dos representantes do G20 ser sediada na cidade neste final de semana, com a mais recente demolição sendo localizada bem em frente ao centro de eventos. Em resposta, o governo indiano nega qualquer ligação entre as demolições e a cúpula do G20. No entanto, mesmo que não seja o único motivo, o país tem histórico. Em 2010, também na cidade, moradores de rua foram removidos e favelas foram destruídas na preparação para os Jogos da Commonwealth. As vidas dos mais pobres são menos importantes que mostrar para o mundo uma cidade mais bela. O que é incômodo deve ser jogado para debaixo do tapete.

Essas práticas não são exclusividade da Índia. No Brasil, por exemplo, ocorreram demolições em massa para “limpar” cidades como o Rio de Janeiro. Seja por motivo de embelezamento urbano ou em nome da “saúde pública”.

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